PF teria feito gravações dentro da Câmara na Operação Santa Tereza.
'O ambiente público deve ser preservado', disse o presidente da Câmara
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reagiu nesta quinta-feira (1º), na festa pelo Dia do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, à postura do ministro da Justiça, Tarso Genro, que defendeu a ação de um agente da Polícia Federal dentro dos corredores do Legislativo.
Gravações da Polícia Federal teriam sido realizadas dentro da Câmara durante a Operação Santa Tereza. O presidente da Câmara cobrou transparência. "Se depender de mim, a Polícia Federal primeiro tem de cumprir o seu dever e depois, se quiser entrar, tem de comunicar antes."
"A Polícia Federal entra nos corredores do Supremo Tribunal Federal sem ser autorizada? Eu não posso concluir portanto que os corredores do Supremo se transformem em espaço para haver conversas ilícitas. Então é uma associação que eu acho que deva ser evitada. Com todo respeito ao ministro, mas não concordo com esse tipo de, digamos, comparação", afirmou Chinaglia.
Chinaglia reafirmou que confia na disposição de Tarso Genro, de respeitar uma eventual proibição da ação da PF na Câmara.
"Ele disse que se houver a proibição ele vai aceitar. Eu estou aguardando a resposta dele porque primeiro a Câmara sempre colaborou com as investigações, seja da polícia ou do Ministério Público. O ambiente público deve ser preservado. Se alguém do povo quiser procurar um parlamentar para reivindicar, fazer uma denúncia, se ele se sentir vigiado, policiado por câmeras, pode não se sentir à vontade."
O presidente da Câmara lembrou que nem mesmo durante a ditadura militar (1964-1985) a polícia entrou no Parlamento sem autorização. "Temos de respeitar os poderes. A ditadura nunca invadiu o Parlamento. Sei que o ministro Tarso Genro é um democrata e ele está fazendo uma consideração do ponto de vista teórico do espaço público, mas tem conseqüência do ponto de vista do poder."
Chinaglia contestou a idéia de que as câmeras podem servir como antídoto a conversas ilícitas. "Com referencia onde não puder ser filmado pode haver conversas ilícitas, podemos estender isso para qualquer espaço, desde os mais preservados íntimos, até familiares. Portanto, eu acho que por aí essa discussão não deve caminhar."
Data: 02/05/2008