Acusado de irregularidades envolvendo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, ocupou hoje a tribuna do plenário da Câmara para se defender. Por dez minutos, Paulinho ironizou a ação da Polícia Federal, na qual é citado nas investigações, e disse ser vítima de perseguição por defender os interesses e direitos dos trabalhadores. Mas não apontou nomes de seus virtuais algozes.
"Primeiro, te acusam para depois você ter de provar sua inocência", disse Paulinho, na tribuna. "Na votação da emenda 3, muita gente disse que ia me pegar na esquina. [Lutei] pelo aumento do salário mínimo. Eu sei por que estou apanhando", afirmou o deputado.
Em seguida, Paulinho relacionou uma de outras "conquistas" que defendeu, como mudanças na tabela do IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física) e a regulamentação do comércio aos domingos.
Ironia
Irônico, Paulinho tentou chamar a atenção dos colegas parlamentares ao criticar a ação da PF na Câmara, quando foram feitas imagens e gravações de um suposto lobista que manteria contatos com o deputado. As gravações foram registradas durante as investigações da Operação Santa Tereza, que desbaratou um esquema de irregularidades envolvendo fraudes no BNDES e exploração sexual de mulheres.
"Se a Polícia Federal disse que o 'cara' entrou na minha sala e na do [deputado] Henrique [Eduardo] Alves [PMDB-RN] com uma mochila por que não prendeu o 'cara' se estava cheio de dinheiro?", reagiu o deputado.
Paulinho disse ainda que as citações sobre ele no inquérito da PF são infundadas. De acordo com ele, houve gravações de conversas entre assessores que faziam menção a ele e não o envolviam diretamente. "Estou à disposição da Corregedoria Geral da Câmara", disse ele.
Manifestações
No momento em que Paulinho discursou, 298 deputados haviam registrado presença. Alguns acompanhavam com atenção o pronunciamento. Antes de ocupar a tribuna para o pronunciamento, o deputado cumprimentou um a um dos colegas. Foi até o café --que fica ao lado do plenário-- para falar com os demais. Mas apenas o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o líder e presidente nacional do PDT, deputado Vieira da Cunha (RS) se manifestaram.
Chinaglia afirmou ter optado pelo envio do pedido de investigação à Corregedoria Geral da Câmara para que o tema seja investigado, mas isso não significa que ele já tenha uma opinião formada sobre o assunto. "Não é absolvição nem condenação antecipada", afirmou o petista.
Vieira da Cunha elogiou a atitude de Paulinho, que resolveu autorizar a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. "É uma postura transparente de quem não deve nada", afirmou o líder.
Data: 06/05/2008