Há cerca de um mês, a Polícia Federal de São Paulo anunciou que investigou, durante a Operação Santa Tereza, um esquema de fraude envolvendo empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para prefeituras.
O suposto esquema foi descoberto durante a operação que tinha por objetivo desintegrar uma organização suspeita de praticar tráfico de mulheres e explorar a prostituição. Segundo a PF, os proprietários ofereciam vantagem a autoridades e servidores.
Por meio de grampos telefônicos e outras provas, a Polícia Federal descobriu conversas entre os investigados sobre financiamentos públicos, reuniões com políticos e pagamentos de propina.
A PF diz ter provas de que pelo menos dois financiamentos fraudados – um deles de R$ 130 milhões concedido a uma prefeitura do litoral paulista e outro, de cerca de R$ 220 milhões, a uma grande empresa do ramo varejista.
As investigações apontam que cerca de 4% dos valores foram desviados de cada financiamento e os beneficiados com os empréstimos apresentavam notas fiscais falsas.
De acordo com o Ministério Público Federal, mais de dez prefeituras serão investigadas por supostas fraudes ao BNDES.
Na deflagração da operação, diversas pessoas foram presas, entre elas o advogado Ricardo Tosto, que era do Conselho do BNDES, suspeito de tráfico de influência. Tosto pediu afastamento provisório, mas acabou afastado definitivamente do cargo.
Por meio dos grampos telefônicos, a PF também descobriu que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), estaria supostamente envolvido no caso. Ele seria beneficiário de partilha de recursos que teriam sido desviados do BNDES. Paulinho disse, porém, que se trata de “armação política”.
O advogado Antonio Rosella, que defende Paulinho, disse que o relatório da PF “é um absurdo”. Segundo Rosella, os autos não contêm “um único indício de ilícito” contra o deputado.
Após o escândalo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que não há corrupção na instituição. Coutinho destacou que a instituição está colaborando com as investigações da Operação Santa Tereza.
"Estamos colaborando com as investigações da Polícia Federal. Mas quero em primeiro lugar dizer o seguinte: não existem irregularidades dentro do BNDES. Mas, se existem coisas fora do BNDES, elas estão sendo investigadas."
Data: 24/05/2008