O telefone móvel é o maior custo de serviços de telecomunicações - em um grupo que ainda inclui TV por assinatura, telefonia fixa e banda larga - comprados em todas as camadas sociais. Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado pela consultoria Yankee Group no Brasil e que pode indicar o caminho para as empresas conquistarem o consumidor em uma oferta integrada, como triple-play e quadri-play.
Esse tipo de oferta inclui três ou quatro desses serviços em um pacote fornecido por uma única operadora, estratégia perseguida por grupos como o espanhol Telefônica e o mexicano Telmex.
'Como o gasto de celular é o maior, uma estratégia possível é tentar oferecer planos mais interessantes para que o valor diminua e seja incrementado outro dos serviços', diz o analista da consultoria, Júlio Puschel. No topo da pirâmide, por exemplo, a média de gasto dos entrevistados com celular está em cerca de US$ 158. As ofertas existentes até agora ainda estão no triple play e a banda larga se mantém como o serviço que puxa os outros. O cenário poderia mudar com o quadriplay e o celular.
Um dos dados de destaque na pesquisa é que a classe A1 tem a menor disposição em pagar por um novo celular, US$ 172, mesmo com uma renda acima de R$ 10 mil. A razão é que essa faixa registrou 59% de pós-pagos, um valor que só não é maior porque muitos filhos recebem telefones pré-pagos, o que altera a balança. Com essa composição, a faixa é pesadamente subsidiada pelas operadoras e não está acostumada a gastar com telefones.
É um valor ainda menor do que a classe D, que está disposta a desembolsar uma média de US$ 176, mesmo com uma renda média inferior em mais de dez vezes à média dos entrevistados no topo da pirâmide. Na faixa D, 83% usam pré-pagos e concordam em pagar por um aparelho porque as operadoras não vão bancar a aquisição desse cliente. A que tem o valor mais alto para desembolsar em um aparelho é a classe B2, disposta a pagar US$ 224 e que tem 71% de pré-pago.
O Yankee entrevistou 690 pessoas com o perfil mais procurado pelas empresas de serviços de telecomunicações. São residentes de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, responsáveis pelas contas de casa e atualmente empregados. Eles pertencem a grupos familiares com mais de dois telefones em pelo menos 82% delas, 71% com banda larga e 37% com TV por assinatura.
Para conseguir focar no grupo que realmente gasta em telecomunicações e mais interessa às empresas do setor, a classe E, que tem renda abaixo de R$ 478, foi descartada.
Na base da pirâmide dessa pesquisa, a presença da banda larga na classe D chega a surpreender, com 41%. A partir do índice de banda larga nas classes mais baixas, os analistas do Yankee apontam que o consumidor que já possui internet percebe a diferença e faz um esforço para contratar a internet mais veloz.
Dados como esses indicam deficiências no consumo, mas também podem mostrar brechas para as operadoras criarem estratégias.
No caso da TV por assinatura, a pesquisa registra o fraco desempenho, 37% dos consultados, um número tradicionalmente baixo que persiste mesmo nessa base privilegiada pesquisada pela consultoria. 'Os principais problemas apontados são a falta de conteúdo local e em português', afirma Puschel.
Data: 15/12/2006