São Paulo, 12 de Janeiro de 2007 - Compras digitais deverão chegar a70% do total comercializado em 2009 pelas empresas. Uma das maiores vedetes dos gurus da tecnologia durante a bolha de investimentos em TI durante o fim da década de 90, os portais de B2B (entre empresas) foram esquecidos nos primeiros anos deste século para ressurgir com força nos últimos três anos, já representando 45% do total das compras interempresariais no Brasil. Segundo a previsão da Associação Brasileira de E-Business (E-Business Brasil), 2006 deve ter movimentado R$ 314 bilhões em compras eletrônicas, enquanto o mundo todo transaciona mais de US$ 5 trilhões. Um crescimento de 38% em relação a 2005 no mercado local. Para 2007, a expectativa do estudo é atingir 57% do total movimentado no Brasil, representando R$ 415 bilhões em compras eletrônicas. Segundo o presidente executivo da E-Business Brasil, Richard Lowenthal, atualmente acontece a maior expansão do mercado brasileiro de e-business, com taxas próximas de 40% de crescimento de ano para ano. E, entre 2009 e 2010, ele deve se estabilizar, quando atingir 70% do total movimentado nas companhias. "Uma parcela de compras sempre será feita por meio de negociações sem meios eletrônicos", comenta. Apesar do segmento estar agora cumprindo as promessas da virada do milênio, ao contrário do que muitos esperavam em 1999 e 2000, os portais setoriais, os chamados marketplaces setoriais, que combinam em colaboração fornecedores e fabricantes de produtos finais, hoje são pouco usados. O maior exemplo deles, o Covisint, o ponto de encontro das montadoras automotivas com seus fornecedores, não atingiu as expectativas que gerou no País. Outro exemplo não tão bem-sucedido é o Quadrem, da mineração. "Os portais setoriais não funcionaram, porque a colaboração no mesmo setor não acontece muito no Brasil. Tirando o Pakprint, utilizado pelo setor de papel e celulose, mas que na verdade é uma empresa de tecnologia que 'traduz' as informações de compra e venda para atender o segmento", comenta. "Os modelos vencedores são os portais independentes, bem- aproveitados pelo lado do fornecedor, e os portais individuais, por parte dos compradores", afirma. Os individuais são os desenvolvidos normalmente por grande empresas para atrair seus fornecedores para a negociação digital, como fez o Grupo Pão de Açúcar, com o Pd@net. Os independentes são empresas de tecnologia, que vendem o serviço de realização de compras por canais eletrônicos, como um verdadeiro fornecedor de serviços de relacionamento eletrônico na cadeia de suprimentos ("supply chain"), incluindo a terceirização de certos processos e realização de leilões on-line. De certa forma, essas empresas também substituem as fornecedoras de software de supply chain, que prometiam se tornar grandes empresas do setor de TI, mas nunca vingaram. "Consolidamos o supply chain com a plataforma de sistemas do cliente", diz o diretor comercial da Mercador, Valêncio Garcia, indicando que a oferta leva as informações até o sistema de gestão (ERP) da empresa usuária. O Mercador, fundado durante o auge do "boom" das pontocom pelo executivo do varejo e atual vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó, é uma das principais empresas do perfil independente. Comprada em 2003 pela Telefônica, ela fechou o ano passado com 192 das 1,5 mil empresas do País como clientes, que junto com suas cadeias formam um grupo de 11 mil participantes do portal. Em média, R$ 7,2 bilhões foram transacionados por cada grande cliente durante 2006 pelo portal. Com isso o faturamento da empresa subiu 66%, comparado com 2005, quando o esperado era crescimento de 40%. Outra empresa desse perfil, a Mercado Eletrônico, diz que o volume transacionado em seus serviços atingiu os R$ 30 bilhões, durante 2006. Setores avançados Segundo o estudo da E-Business Brasil, o setor que mais utilizou o B2B digital, no consolidado durante 2005 foi o farmacêutico, que utilizou canais eletrônicos para 54% de suas compras. Foi seguido pelo de veículos e peças (41%), alimentação, bebidas e fumo (30%), papel e celulose (28%), química e petroquímica (25%), e eletroeletrônica (24%). Os mais atrasados no uso foram os segmentos de siderurgia e metalurgia, que compraram apenas 14% do total digitalmente. Segundo Lowenthal, a iniciativa pública também está evoluída na adoção, até pela necessidade de dar transparência às suas compras. De acordo com comunicado enviado ontem, o governo federal diz ter movimentado por meios eletrônicos R$ 8,6 bilhões, entre janeiro e novembro de 2006. Com isso, economizou R$ 1,1 bilhão, devido ao pregão eletrônico. O valor foi contabilizado pela diferença de 11,7% entre o preço de referência - o preço máximo aceito pela administração - e o valor pelo qual os produtos e serviços foram efetivamente contratados.Data: 16/01/2007
Fonte: (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Carlos Eduardo Valim)
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