Representantes de mais de 120 países estão reunidos em Bangcoc, na Tailândia, para estabelecer as conclusões da terceira parte do relatório anual do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que deve ser divulgado em sua versão integral nesta sexta-feira.
O texto serviu de base para a criação de um sumário com recomendações de novas políticas ambientais, que os países participantes devem se comprometer a adotar.
O UOL News conversou com a enviada especial da BBC Brasil a Bangcoc, Marina Wentzel. "A imprensa tem um acesso difícil ao que está acontecendo, os delegados e cientistas não tem permissão para falar com a imprensa. Ontem, os países desenvolvidos chegaram a um acordo sobre a questão nuclear. Será lançado um documento alegando que a energia nuclear é uma alternativa boa e verde, porque tem baixa emissão de carbono, mas que deve ser vista com bastante cautela, já que ela tem efeitos colaterais como, por exemplo, o lixo nuclear.
China Segundo Marina, um dos pontos de destaque das discussões é a barganha entre a China e os países desenvolvidos. "Os países mais ricos têm como buscar energias alternativas e verdes, enquanto os países em desenvolvimento dependem de fontes de energia muito poluentes. No caso da China, o carvão é fonte de 80% da energia do país. O boom econômico que o país vive é extremamente dependente desse tipo de energia. A China não tem nenhuma intenção de mudar sua matriz energética porque isso não é economicamente viável. Qualquer meta mais ambiciosa de cortar as emissões de carbono significa um prejuízo econômico muito grande para o país".
Etanol brasileiro Para o Brasil, o assunto mais relevante, de acordo com a jornalista, é o etanol. "Esta terceira parte do relatório vai falar sobre soluções para amenizar os efeitos do aquecimento global e os biocombustíveis estão muito inseridos nessa questão. Na versão resumida do relatório, que será divulgada amanhã, vai ser recomendado o uso do etanol. Na versão extensa do documento, com dados científicos mais profundos, fica claro que o etanol brasileiro é superior ao americano, porque ele é feito de cana-de-açúcar e o americano é feito de milho. A produção de milho demanda o uso de muitos pesticidas que emitem gases nocivos à camada de ozônio. O documento recomenda que se adote de uma maneira extensiva o uso do etanol brasileiro feito da cana".
Aquecimento global Brasil, Índia, China e México, quatro grandes emergentes, querem incluir no texto oficial uma referência atribuindo aos países ricos responsabilidade pelo aquecimento global. "Está sendo feito um esforço diplomático, mas não é certo que vá entrar no relatório. A primeira parte do documento, divulgada em janeiro, reconhece que o aquecimento global foi causado pelo homem, o que, de certa forma, implica em culpa. Os países em desenvolvimento dizem que os países ricos estão passando para eles a culpa, levando em conta apenas o período a partir de 1974, quando começa o boom econômico da China, por exemplo. Se esses fatos não forem colocados num contexto histórico, fica muito fácil daqui a vinte ou quarenta anos olhar para trás e culpar os países hoje emergentes. Segundo os diplomatas, na verdade o contexto do aquecimento global é mais extenso e vem desde os primórdios da revolução industrial", concluiu Marina. Data: 04/05/2007
Fonte: Notícias Uol
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