Criado em 2005, o projecto ganha agora nova forma com um portal e um centro de apoio. O objectivo é orientar famílias cujo destino lhes tenha colocado nas mãos crianças com deficiências.
Ter um filho com necessidades especiais vem muitas vezes alterar as rotinas da vida dos pais e são muitas as questões que surgem. Quais os infantários adequados? Que escola escolher? A que apoios têm direito? Que terapeutas procurar? Como será o futuro e a integração destas crianças? As dúvidas por que passam milhares de famílias com necessidades especiais, em Portugal, são imensas, mas as respostas, os apoios e as entidades adequadas a cada caso não são fáceis de encontrar.
Foi face a este cenário de "dispersão de recursos" que nasceu, em 2005, por iniciativa de um grupo de pais de crianças com necessidades especiais, o Banco de Informação de Pais para Pais (BIPP). Uma associação de famílias e para famílias, constituída como IPSS, que surgiu da necessidade de racionalizar a utilização dos meios e serviços disponibilizados pelo Estado e pela sociedade.
Com o objectivo de integrar adequadamente na sociedade crianças que, actualmente, não encontram o seu espaço, apoiar pais e famílias de crianças ou adultos com necessidades especiais, que de forma continuada e persistente se reflectem ao longo da sua vida escolar, familiar e comunitária, o BIPP começou desde o primeiro momento a dar respostas via e-mail ou por telefone a quem os procurava.
Mas era preciso mais. "As pessoas não encontram respostas e a criação de um espaço para saber aquilo a que têm ou não têm direito é uma necessidade urgente", salienta Joana Santiago, da Direcção do BIPP. Por isso mesmo para este ano, a par de um portal que permitirá às famílias serem orientadas e informarem-se, partilhando e trocando também autonomamente informações, está prevista a abertura de uma espécie de "loja do cidadão com deficiência", como lhe chama Joana Santiago. Na prática, será um centro de atendimento personalizado com técnicos especializados para receberem, orientarem e encaminharem as famílias na busca das soluções e das respostas mais eficientes para cada problema. Sem querer referir uma data para a abertura do centro - até porque ainda estão a escolher a zona entre Lisboa, Oeiras e Cascais -, Joana Santiago adianta que o espaço deverá abrir "em meados deste ano".
Para já estão a formar a equipa que em breve trabalhará como mediadora e orientadora das famílias. São estes técnicos que irão orientar, encaminhar e acompanhar contínua e personalizadamente as famílias que se dirigirem ao BIPP. Mas o apoio previsto não se cinge aos técnicos. A associação pretende criar um grupo de pais que terá como objectivo partilhar experiências entre famílias e promover a entreajuda, permitindo assim que, em conjunto, todos cresçam como educadores de crianças com necessidades especiais.
Na sua missão de informar e orientar, o BIPP disponibilizará ainda aos seus utentes um gabinete de saúde com técnicos especializados que indicarão os serviços médicos mais adequados a cada caso, um gabinete de educação para orientar as famílias na selecção dos serviços e apoios pedagógicos, um gabinete de apoios e benefícios, um gabinete jurídico, e um gabinete de integração e actividades de trabalho que visa a promoção de iniciativas de apoio à integração de pessoas com necessidades especiais na idade adulta.
Dirigido a pessoas com deficiência, instituições de saúde, instituições de educação e associações de patologias específicas, o BIPP pretende ainda promover a figura do "provedor da criança", uma entidade independente que terá como função principal a defesa e promoção dos direitos e interesses legítimos das crianças com necessidades especiais.
Data: 03/04/2008