Pelo menos 69 policiais militares do Estado de São Paulo foram expulsos da corporação, de janeiro a junho deste ano, por cometerem crimes considerados gravíssimos, incluindo homicídios intencionais. Outros 64 soldados foram demitidos após sindicâncias internas e sete deixaram a instituição por corrupção, problemas psicológicos ou por excesso de faltas ao serviço diário. Os números podem ser ainda maiores, pois há casos de PMs até presos cujo processo administrativo de expulsão não foi concluído.
Ao todo, 140 policiais foram afastados pela corporação, o que equivale a 84% dos 166 casos registrados em todo o ano passado. A comparação fica ainda mais próxima com 2006, quando 153 soldados foram obrigados a deixar a PM.
A corporação admite maior rigidez nas avaliações. "Existe uma grande preocupação nossa em não manter esse tipo de pessoa (que comete crimes gravíssimos)", diz a tenente-coronel Ângela Dimarzio Godoy, da Corregedoria da PM. "É sempre temerário dizer que esses números (de expulsão) estão dentro da média. O ideal é não haver nenhum caso. Não gostamos de saber quando ocorrem mortes de civis. É sempre muito negativo para nós."
Ângela ressalta que, no caso de expulsão, "o PM fica proibido de participar de novas seleções". Já os demitidos podem tentar ingressar no serviço público mais uma vez, por meio de concurso, desde que não seja na área de segurança.
A Polícia Militar de São Paulo matou 55% a mais no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2007. Ao todo, foram 107 "mortes em confronto" em 2008, ante as 69 registradas no ano passado, entre janeiro e março. Índices correlatos, como prisões em flagrante e feridos em tiroteios com PMs, mantiveram-se estáveis.
Todas as ocorrências são acompanhadas pela Corregedoria. Após participarem de um caso que termina na morte de um civil, os soldados são afastados por pelo menos um mês. Se surgem indícios de crime, o inquérito segue para a Justiça Militar.
A corporação considera que a explicação sobre o maior número de processos abertos passa pelo aumento no registro de denúncias na Ouvidoria da Polícia. Nos últimos quatro anos, as queixas contra policiais militares saltaram de 852 para 1.044 somente na capital paulista. A maioria dessas reclamações envolve casos de violência e de morte.
ABORDAGEM AGRESSIVA
No entanto, para o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mário de Oliveira Filho, falta preparo. "O policial militar tem de ficar em constante treinamento, como o bombeiro." Ele acrescenta que as abordagens atualmente são "agressivas" e precisam mudar. "A gente vê as pessoas com a mão no capô do carro. Muitas vezes o policial chuta as pernas do averiguado para que elas fiquem abertas."
Data: 14/07/2008 15:48:54
Fonte: Estadão
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