Facção nascida nos presídios arrecada R$ 4,89 milhões por mês e já começa a atuar no tráfico internacional
Marcelo Godoy
O faturamento da facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC) cresceu 511% em dois anos e meio. Mesmo com todo o esforço das autoridades no combate ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro patrocinados pelo crime organizado, o exército de criminosos chefiado por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, cada vez lucra mais. A organização, que já se havia transformado em atacadista no mercado de cocaína no País, agora dá os primeiros passos no tráfico internacional de entorpecentes e busca um acerto com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O crescimento dos lucros da organização é atestado em contabilidade apreendida em 28 de fevereiro com Wagner Roberto Raposo Olzon, o Fusca, tesoureiro da facção. Ali, é possível verificar que, em 7 de janeiro, a facção fechou seu caixa dos 30 dias anteriores com R$ 4,89 milhões arrecadados. Em 2005, quando policiais civis apreenderam a contabilidade da cúpula nas mãos de Deivid Surur, o DVD - que, mais tarde, foi obrigado pela facção a se matar na prisão -, as contas somavam R$ 800 mil mensais e preenchiam 18 páginas de caderno escolar. Agora, ocupam 33 páginas - 4 em forma de planilha.
As contas revelam que o PCC mantém um consórcio de advogados pagos para defender seus interesses. Há 21 profissionais da advocacia relacionados na contabilidade, com salários de até R$ 10 mil mensais.
Em 21 de fevereiro, as contas da facção registram pagamento de R$ 30 mil como “acerto” (pagamento de propina). Outros R$ 20 mil foram pagos com a entrega de um carro. Há gastos de R$ 1,4 mil com “casa alugada para paiol” e o registro de prejuízos, como o de R$ 75,6 mil do “molecote que foi em cana com 2.700 gramas de mercadoria”. O documento mostra que nem o crime está livre da violência. “A cunhada (colaboradora da facção) foi roubada e levaram objetos pessoais e os R$ 34 mil.”
Data: 31/03/2008