A Trabalhar no centro de investigação de novas tecnologias no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa), em Lisboa, e ainda mergulhados em livros e exames do terceiro ano da faculdade, quatro estudantes do curso de informática e gestão de empresas quiseram passar da teoria à prática.
A desculpa perfeita surgiu com a proposta para fazer um web site de um hotel. A partir daí, as ideias nunca mais pararam de fervilhar, e a passagem para o mundo empresarial foi uma tentação a que não quiseram resistir.
A Accedo é hoje uma empresa de sucesso na área do marketing interactivo, que usa todos os meios tecnológicos, como a internet e os telemóveis, para fazer passar a mensagem dos clientes.
"A perspectiva tecnológica e informática levou-nos a dar os primeiros passos", conta Fernando Figueiredo, um dos sócios da empresa, acrescentando que a liberdade criativa é condição fundamental para o sucesso de uma campanha.
"Gostamos de poder arrojar, apelando a uma lógica reactiva, sobretudo a nível do online. O cliente de internet é altamente exigente. Já não perde tempo a ver qualquer vídeo ou a participar em qualquer campanha. Se há alguma coisa no meio do processo que ele não gosta, fecha o site."
As propostas da Accedo assentam em conceitos audaciosos e agressivos, porque a comunicação mais eficaz "é aquela que vai ao extremo".
"Gostávamos de ser os primeiros a fazer um web site com cheiro", brinca Fernando Figueiredo, quando desafiado a dar o exemplo prático de até onde vai a audácia e criatividade da empresa.
A Accedo arrancou em Novembro de 2002, com pouco no bolso mas muito em capital intelectual. "O investimento inicial foi zero. As mesas e cadeiras foram trazidas por cada um e a mãe de um amigo fez-nos um empréstimo de cinco mil euros, que já está pago", garante o responsável entre risos.
A primeira sede desta agência de marketing interactivo foi no último andar de um edifício em Lisboa. "Alugámos a antiga casa da empregada de um amigo nosso. Tinha uma sala, uma cozinha, uma casa de banho e um terraço."
Se há seis anos a estrutura da Accedo contava com quatro sócios e um designer, hoje a agência baixou o número de sócios para dois, conta com 25 colaboradores e uma carteira de clientes onde constam empresas de referência como FNAC, EDP e Malibu.
Uma das mais valias apontadas por Fernando Figueiredo é o facto de a Accedo funcionar numa lógica de full service. "Produzimos o nosso próprio software, não comercializamos o de outros. Esta foi a maior herança que ficou do centro de investigação. Isto permite-nos ser mais ambiciosos e ter mais capital tecnológico para aplicar em projectos criativos."
Desde que recebe a visita do cliente, a equipa desenvolve todo o processo da campanha, desde a idealização do conceito, desenho e montagem de toda a tecnologia, até aos acordos com meios online para garantir a sua divulgação, bem como a posterior gestão da campanha.
"As ideias são orientadas dentro do sentido e objectivos definidos para a área de negócio. Depois, damos asas aos criativos para saírem o mais fora da caixa possível":
O primeiro passo para o sucesso foi a campanha do "Sexto dedo", para a TMN onde ganharam vários prémios a nível nacional. "Foi muito interessante porque transmitimos muito do que conseguíamos fazer. Foi a campanha onde tivemos mais espaço criativo, relacionando conceitos fora do que seria esperado."
O sector jovem é a grande aposta da empresa, que há uns meses patrocinou o lançamento da banda Klepht, cujo guitarrista é precisamente um dos sócios. "Foi uma abordagem diferente. Criámos uma plataforma online, ou seja, um site interactivo à volta do qual criámos um blog, um perfil no Hi5 e no my space. Montámos uma dinâmica online onde as pessoas podem saber informações e ter acesso a conteúdos ao vivo."
Esta "interacção e comunicação de 360 graus" teve o seu ponto alto no lançamento do primeiro cd da banda. "No lançamento fizemos duas coisas com muita visibilidade: uma conferência de imprensa no second life e os concertos de lançamento da banda foram transmitidos em directo, via online."
Este ano, a empresa pretende afirmar-se ainda mais como uma agência de ideias e de marketing interactivo. Já abriram uma loja na plataforma de realidade virtual Second Life e em 2009 querem dar o salto para Madrid. "É um mercado que tem uma proximidade natural de língua e facilidade do ponto de vista geográfico. Queremos ter representação em Espanha, mas o resto continuará a ser feito cá."
Data: 04/05/2008