Antônio Leopoldo Curi
Nada assegura que, em 2005, o segmento de formulários, documentos e gerenciamento da informação repita a performance de 2004, quando cresceu 10%, com faturamento de R$ 1,75 bilhão. As empresas do setor, cujo trabalho — em especial a produção de documentos fiscais — mede as expectativas de todos os ramos de atividade, preocupam-se com as tendências que começam a ser delineadas na esteira da renitência da política econômica quanto aos juros elevados, câmbio sobrevalorizado e impostos crescentes.
Vê-se que os distintos setores de atividades já temem não ser possível manter durante o ano atual o ritmo do crescimento econômico verificado no ano passado. Caso se confirmem, essas estimativas podem influenciar negativamente o segmento de formulários. A explicação é óbvia: os empresários dimensionam suas encomendas — inclusive de talonários e documentos fiscais — às expectativas inerentes ao nível de atividade. O que não é óbvio é o porquê de o governo federal resistir aos apelos de bom senso da sociedade, das empresas e dos trabalhadores, que têm demonstrado não haver risco de inflação dos preços livres.
Na análise do balanço de 2004 da indústria de formulários, pode-se entender algumas dessas questões e como medidas e posições do governo interferem de forma direta na economia e na performance das empresas.
No ano passado, os itens do setor que mais cresceram foram os de notas fiscais, etiquetas auto-adesivas e documentos para o setor de transporte. No caso das notas fiscais — documento diretamente relacionado aos movimentos da economia interna —, o crescimento não foi equivalente ao aumento do PIB, principalmente no segundo semestre, quando a Selic entrou em curva ascendente. Coincidência?
Verificaram-se, também, oscilações negativas em alguns segmentos, como o de listagens, que passaram a ser taxadas com alíquota de 15% do IPI, há dois anos. Os reflexos foram sendo sentidos paulatinamente.
Algumas empresas reduziram a produção em 40% e algumas talvez estejam até se valendo da informalidade para continuar atuando nesse mercado. Inicialmente vinha-se projetando para 2005 um crescimento de 7 a 8% no setor de formulários, documentos e gerenciamento da informação e de 3% e 4% no volume de papel processado.
Com os juros altos, os impostos exagerados e o câmbio irreal, contudo, aceita-se já a possibilidade de que até mesmo essas expectativas podem estar comprometidas. E, como se não bastasse, outra atitude do governo comprometerá seriamente o segmento de impressão de dados variáveis — extratos bancários, contas a vencer, malas-diretas e outros impressos promocionais.
Motivo: a Solução Integrada de Produção Descentralizada de Documentos, o Correio Híbrido. Os Correios do nosso País passaram a deter o controle da intermediação da transferência de dados, a impressão de documentos, o manuseio e o acabamento destes documentos e a sua distribuição, além de terem a responsabilidade pela segurança dos dados disponíveis.
Trata-se, como se pode observar, de um verdadeiro monopólio, cujos efeitos no mercado deverão ser observados e sentidos de forma muito clara ao longo deste ano.
O autor é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Formulários, Documentos e Gerenciamento da Informação – Abraform . Data: 15/12/2006
Fonte: DCI - 09/04/05 - PAG. A-5 - OPINIÃO
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