Gerry Pintal, gerente de pesquisas da IDC, afirma que prevenção contra perda de dados vai mudar o setor de TI.
Gerry Pintal, gerente de pesquisas da IDC para serviços e produtos de segurança, esteve no Brasil em março, quando participou da conferência de segurança realizada pela empresa de pesquisas. Apresentando os principais números do setor, o especialista destacou como a prevenção contra a perda de dados (DLP) vai mudar a TI em 2008.
Indo além do discurso que se tornou lugar-comum em segurança – acabou a era "romântica" dos hackers que buscavam apenas notoriedade – o especialista indicou o futuro de tendências como terceirização de segurança e a integração entre segurança física e digital, além de abordar o crescimento e a consolidação do setor de prevenção contra perda de dados (DLP, da sigla em inglês). Segundo ele, um grande fornecedor de TI prepara uma aquisição na área. Acompanhe.
Computerworld| A prevenção contra a perda de dados é um dos mercados que tem maior taxa de crescimento em segurança, tanto pelas exigências governamentais quanto pelo medo das empresas em perder dados críticos ou de clientes. O que vai mudar nesse setor?
Gerry Pintal| O conceito de DLP significa controlar e proteger informações sensíveis para a corporação, estando esses dados em movimento, parados ou em uso. Diversas organizações de segurança e de TI se movimentaram fortemente para adquirir outras empresas que tinham soluções pontuais, com objetivo de possuir uma oferta de DLP mais abrangente.
Recentemente, nove empresas fecharam diversas compras para oferecer soluções de DLP, o que dá uma idéia da atividade do mercado. Agora, eu tendo em dizer que os grandes fornecedores de tecnologia vão começar a buscar aquisições. Por exemplo, não ficaria surpreso em ver a Cisco fazendo um movimento desse tipo. De qualquer maneira, a consolidação vai crescer muito.
CW| Durante a sua apresentação, você indicou ótimas perspectivas de negócios em terceirização de segurança. É possível que os gestores superem a cultura de que segurança não pode ser terceirizada?
GP| Só algumas áreas de segurança são apropriadas para terceirização, na verdade. Hoje, a melhor opção – tanto em termos de ofertas dos fornecedores quanto pelas vantagens do modelo – está na proteção de e-mail, com eliminação do spam e dos malwares que acompanham as mensagens. É possível o cliente corporativo conseguir bloquear os spams antes que eles cheguem a sua infra-estrutura. Além disso, esses fornecedores passam a analisar a saída de e-mails, evitando que sejam enviados de dentro da empresa. Mas ainda é cedo para pensar que esses serviços possam bloquear o vazamento de informações críticas.
Ao terceirizar a proteção de e-mail, a empresa cliente também ganha com a gestão centralizada, com o monitoramento e a gestão das políticas internas sendo feita de um único local por um único fornecedor. Esses relatórios podem ser úteis. A gestão de logs (registros computacionais) também pode ser interessante, mas em menor escala.
Outro setor que está gerando atenção para a terceirização é o de filtragem web. Como as ofertas vão além das tradicionais listas negras e bloqueio de URL, a empresa pode ganhar em adotar isso fora da sua infra-estrutura.
CW| A IDC apontou como grande tendência para 2008 a integração entre as áreas de segurança da informação e segurança física. Como esse processo vai acontecer?
GP| É relativamente normal que a segurança física funcione como um silo isolado dentro das empresas. Mas hoje os dispositivos eletrônicos para controlar o acesso a áreas ou salas estão sendo desenvolvidos com IP, o que permite e faz a integração ser mais simples. Os profissionais de segurança da informação sabiam que essa era uma transição natural, é apenas uma questão de tempo. Os fornecedores de SI estão se preparando para isso. No entanto, haverá problemas na questão de hierarquia e na integração de duas áreas que atuam em separado.
Neste momento, é importante também adicionar as informações que outras áreas da empresa possuem sobre os funcionários. O departamento de recursos humanos, por exemplo, precisa informar sobre qualquer mudança de cargo ou demissão, para que a gestão de acesso seja efetuada de maneira apropriada: tanto na parte física quanto na digital. Quando se possui o controle do funcionário no ambiente real e no virtual, aumenta muito o nível de segurança.
Data: 08/04/2008