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Augusto Rossini, promotor de Justiça |
Os pais precisam orientar as crianças e os adolescentes sobre as situações de perigo na Internet. Esta é a principal medida para evitar que os jovens sejam vítimas ou passem a ser autores de crimes cibernéticos, dizem especialistas que participaram do comitê de Direito da Tecnologia da Amcham-
São Paulo nesta terça-feira (03/03).
“A forma mais eficiente de evitar a incidência de crimes cibernéticos e ter jovens como vítimas ou até mesmo autores é a educação. Os pais devem dar orientações e impor limites de uso da Internet. A rede não foi planejada para ter controle e atualmente existe uma defasagem muito grande entre os atos criminosos e as respostas que estão sendo dadas, as punições, apesar de reconhecermos os esforços das autoridades neste sentido”, afirmou Augusto Rossini, promotor de Justiça na área criminal.
Segundo Rossini, levantamentos oficiais mostram que os crimes cibernéticos estão crescendo no País. No entanto, ele acredita que o quadro é ainda mais grave, uma vez que muitos casos não chegam a ser notificados. “Há muitas ocorrências dentro de empresas e escolas, condutas criminosas e contra a honra dentro de comunidades mais abastadas que não chegam a acessar o Judiciário e decidem resolvê-las internamente”, destacou.
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Coriolano Camargo, presidente da Comissão de Direito na Sociedade da Informação da OAB-SP |
O advogado Coriolano Camargo, presidente da Comissão de Direito na Sociedade da Informação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), lembrou que um dos principais riscos é o jovem acessar redes de pedofilia. Outro problema é o acesso a sites falsos que funcionam como iscas para captação de dados sigilosos, assim como a colocação de dados privados no Orkut, que abre espaço para facções criminosas se apropriarem indevidamente de imagens e informações para aplicarem golpes.
De acordo com Coriolano, os pais devem orientar aos filhos sobre os seguintes aspectos:
É preciso ter cuidado com falsos amigos na rede e nunca marcar encontros pessoais com estranhos pela Internet;
Não se deve expor na Internet endereço, número de telefone, profissão dos pais e escola onde se estuda;
Deve-se explicar que nem tudo que está na rede é verdadeiro. Existem mensagens e sites falsos, assim como pessoas que criam personagens para se relacionar;
É importante ensinar o respeito às pessoas em qualquer ambiente e que uma mensagem, por exemplo, pode prejudicar a imagem de uma pessoa e causar inúmeros transtornos.
De acordo com o advogado, os jovens também devem estar cientes sobre a importância de instalarem softwares originais e sempre atualizarem o antivírus, o que garante mais segurança na navegação. Outra dica é que os pais mantenham, quando possível, os computadores em espaços comuns da casa.
Sedução e limites
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Sonia Makaron, psicanalista |
A psicanalista Sonia Makaron, diretora do Jornal Jovem, uma publicação online voltada a estudantes do ensino médio e superior, destaca que as facções criminosas costumam seduzir os jovens preenchendo suas necessidades emocionais. “As vulnerabilidades das crianças e dos adolescentes são a curiosidade e o desejo de aceitação pelo grupo e de ser amado. Eles também gostam de compartilhar intimidades, têm necessidade de confiar, de se envolver. São fatores que, junto com a ingenuidade, os tornam mais vulneráveis a investidas perversas”, comentou.
Para Sonia, cabe aos pais estabelecer regras de utilização da Internet, sempre de maneira transparente, detalhando os reais motivos das limitações. “A abordagem tem que ser muito verdadeira porque as crianças e adolescentes são muito espertos.”
Segundo a psicanalista, de maneira geral, diversos pais têm dificuldades de impor limites por receio de que o excesso de restrição os distancie dos filhos. Ela, entretanto, garante que as regras são fundamentais para o desenvolvimento. “Os jovens se sentem protegidos. De fato, eles precisam de apoio e orientação para trilharem seus caminhos”, concluiu.