SITES DE RELACIONAMENTO ENTRAM NA MIRA DA POLÍCIA FEDERAL E REACENDEM POLÊMICA SOBRE OS CRIMES CIBERNÉTICOS NO BRASIL
Niviane Rodrigues
Repórter
Há mais de três meses, uma pessoa que se autodefine humorista vem mexendo com o dia a dia de moradores do município de Pão de Açúcar, no distante Sertão de Alagoas. Dono de uma comunidade no polêmico site Orkut, o autor se identifica como "Carrapatcho" e conseguiu mudar a rotina do lugar com informações pessoais e de comportamento de figuras influentes, ou não, da comunidade. As "brincadeiras" acabaram abalando a imagem e expondo os envolvidos, que logo reagiram, exigindo que as mensagens fossem retiradas do site. Políticos, empresários, religiosos, jovens e adultos, ninguém escapou.
Um "time" de futebol foi criado com o que ele chama de mulheres mais fofoqueiras da região, político virou um contador de histórias, e até distúrbios do organismo de um certo morador foram expostos; outro foi
apresentado como autor de mirabolantes projetos que nunca se concretizaram e a honra de pessoas mais liberais foi posta em xeque pelo criador da comunidade, que também ensina a "como falar mal do público".
MP alerta para práticas criminosas Em Alagoas, a exemplo do Brasil, o Orkut se transformou numa "febre" entre jovens e adultos das mais variadas classes sociais e profissões. No Estado, os internautas adeptos dessa mania nacional também fazem a festa, mas as denúncias crescem na mesma velocidade, indo parar no Ministério Público e nas Polícias Civil e Federal. Grande parte das situações envolve adolescentes e acaba sendo encaminhada para o Juizado da Infância e Adolescência. Apesar das denúncias cada vez mais freqüentes, como aqui ainda não há uma delegacia especializada nesse tipo de crime, muitas pessoas acabam desistindo da queixa até mesmo por acreditar que o responsável jamais será punido.
Internet mexe nas relações familiares No próximo mês de setembro, o radialista Mathias de Melo, 42, estaria completando quatro anos de casado. O que deveria ser uma data comemorativa não passou de planos. Há quatro meses, a esposa saiu de casa e decidiu romper o casamento após viver uma experiência pra lá de negativa como internauta do Orkut. O que parecia apenas uma brincadeira de mau gosto, foi tomando proporções incontroláveis, a ponto de o casal se separar.
"A lei brasileira precisa avançar no campo virtual" Especialistas em crimes cibernéticos se reuniram na última sexta-feira, em Aracaju (SE), no seminário sobre "A criminalidade na era digital". Durante o encontro, eles abordaram assuntos relacionados à temática central, a exemplo de "A Convenção de Budapeste sobre cibercriminalidade" . O chefe do Serviço de Perícias em Informática da Polícia Federal, em Brasília, Paulo Quintiliano da Silva, foi um dos palestrantes. Autor de estudos sobre o tema, Quintiliano é perito criminal federal, graduado e mestre em Ciência da Computação e em Direito, e doutor em reconhecimento de padrões e processsamento de imagens.
A Gazeta conversou com o perito e traz nesta entrevista suas considerações sobre o tema.
G - Qual seu ponto de vista sobre os sites de relacionamento? Paulo Quintiliano - Acho que se trata de um espaço que a maior parte das pessoas usa para o bem. Contudo, existe uma minoria que usa para o mal.
Que casos o senhor pode citar como exemplo de riscos na internet? Na internet há vários riscos, principalmente para as pessoas que não tomam precauções mínimas, como manter o sistema operacional sempre atualizado, softwares antivírus e firewall também atualizados. |
Data: 12/12/2006