Usuários mal-intencionados desviam informações valiosas e exigem pagamento para devolvê-las
Os seqüestros são uma questão de segurança pública que aflige os brasileiros, principalmente os paulistanos, há algum tempo. Mas uma nova modalidade desse crime vem preocupando também os usuários de computadores: o seqüestro de informações.
Trata-se de mais um sinal dos tempos modernos. “Pela Internet, uma pessoa mal-intencionada pode invadir computadores, capturar determinados arquivos e depois cobrar para devolvê-los ao dono, ou mesmo utilizá-los para outros fins como a espionagem industrial”, explica Marcelo Okano, professor de pós-graduação da FIAP – Faculdade de Informática e Administração Paulista, coordenador dos cursos de Tecnologia de Banco de Dados e Tecnologia em Redes de Computadores da Faculdade Módulo e especialista em segurança na Web. E ainda há variantes. Uma delas é criptografar ou proteger com senhas os arquivos para, também mediante pagamento de resgate, desbloquear o acesso a eles. Outra é o roubo das informações que podem ser usadas para outros fins, como espionar produtos e projetos, e vasculhar a rotina financeira de uma empresa.
Por isso, além das chamadas pragas virtuais como vírus e softwares espiões, os internautas têm outros motivos para se preocupar. Há casos (uma planilha contendo dados confidenciais dos clientes de uma empresa, por exemplo, ou o relatório de um novo projeto) em que o valor das informações é infinitamente superior ao valor do próprio equipamento, o que pode causar perdas irreparáveis ao usuário.
Esse não é um fenômeno restrito à realidade brasileira e acontece também em outros países, conta o professor Okano. No início deste ano, uma empresa com sede em Boston, nos Estados Unidos, teve roubado um laptop que continha dados pessoais e financeiros de nada menos que 196 mil funcionários da multinacional americana HP.
No Brasil, um caso recente chamou a atenção das autoridades policiais. Também no começo do ano, um morador de Campinas teve seu computador portátil roubado durante visita à cidade de Curitiba, no Paraná. Mais tarde, recebeu, via Orkut, um aviso dizendo que o disco rígido (onde ficam armazenadas todas as informações da máquina) havia sido encontrado. A pessoa, então, fez uma exigência para que o usuário pudesse reaver o equipamento: um pagamento de R$ 15 mil.
O professor Okano dá algumas dicas simples que podem ser seguidas para minimizar os perigos:
- Utilize, sempre, as senhas que os equipamentos oferecem. Alguns equipamentos portáteis permitem utilizar uma senha para o disco rígido, diferente daquela que se utiliza para acessar o equipamento. No caso de roubo do laptop, por exemplo, os dados do disco rígido só serão acessados se a senha for fornecida;
- Proteja as informações importantes criptografando os arquivos e protegendo-os com senhas que não sejam fáceis de descobrir;
- Instale um firewall pessoal (programa que protege o computador contra invasões de terceiros) mesmo que a rede de computadores que estiver sendo utilizada já tenha um firewall corporativo;
- Mantenha um antivírus e um anti-spyware instalados e atualizados;
- Instale, regularmente, as atualizações de segurança dos softwares;
- Mantenha sempre uma cópia de segurança dos seus dados (backup) atualizados.
Para se proteger no mundo real, o especialista tem outras recomendações:
- Mantenha o laptop onde seja possível vê-lo. Deixá-lo no banco do carro ao sair, por exemplo, é uma exposição desnecessária. É melhor colocá-lo no porta-malas;
- Guarde-o bem, quando não estiver sendo usado. Cofres são uma boa opção. No escritório, travas de segurança e alarmes podem resolver o problema;
- Evite pastas que chamam a atenção ou aparentam conter um laptop. Prefira as mochilas, que são mais fáceis de transportar e disfarçam o volume do equipamento;
- Tenha cuidado especial ao passar por áreas de risco, como centros comerciais e aeroportos, onde ocorre grande parte dos roubos (segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, apenas nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Cumbica, em Guarulhos, foram roubados mais de 300 laptops nos últimos dois anos e meio).
Além desses cuidados básicos, o usuário preocupado com a segurança de suas informações pode optar por outras opções como o seguro para laptops, que custa, por ano, cerca de 10% do valor do equipamento, e o acesso por biometria (impressão digital, por exemplo) integrado à própria máquina.