RECIFE, 29 de agosto de 2006 - Um descuido apenas e o usuário de telefonia móvel pode amargar um inesperado prejuízo. Os avanços na tecnologia adotada pelas operadoras de celular ainda não são capazes de frear definitivamente ações criminosas. Com criatividade, golpistas conseguem burlar os meios de segurança, convencendo os consumidores a fornecerem dados que permitem a clonagem das linhas. Aproveitando-se da ingenuidade de clientes, bandidos ludibriam as vítimas para viabilizar ações fraudulentas. Especialistas orientam os usuários a jamais repassarem quaisquer tipo de informação por meio de mensagens ou ligações telefônicas.
É bem verdade que a adoção da tecnologia GSM - sigla em inglês para Sistema Global de Comunicações Móveis -, por parte das operadoras, dificultou a clonagem dos aparelhos. O sistema, porém, não seria inviolável. 'Com o número da linha e o número de série do celular é possível fazer a clonagem, se o golpista estiver capturando uma ligação ou se ele tiver acesso ao chip', revela o analista de sistemas Alexandre Brainer. A tática aplicada pelos golpistas consiste em induzir o usuário a repassar o número serial do telefone, localizado na parte de trás do aparelho.
Brainer esclarece que todas as informações que entram ou saem do celular são criptografadas (protegidas por códigos). Os aparelhos que operam na tecnologia GSM podem ter esses dados decodificados, caso o golpista possua as duas numerações. O antigo sistema TDMA (Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo), por sua vez, é mais vulnerável à clonagem. Apesar de ser uma tecnologia digital, quando o telefone encontra-se fora da área de cobertura passa a operar em módulo analógico. Ou seja, os dados não são codificados, o que facilita a identificação. 'O aparelho fica sujeito à clonagem imediata. Basta o golpista ter um receptor de rádio modificado para captar freqüência celular.'
Para obter o número serial do celular da vítima, os golpistas se passam por representantes das empresas de telefonia. Há quatro meses, o médico Luiz Henrique Siqueira, 43 anos, desconfiou da ligação de um homem que se apresentou como funcionário da operadora. 'Ele disse que tinha percebido o sinal do meu celular no Ceará', contou. Depois de fazer uma suposta análise nas chamadas, o golpista fez um novo contato com o usuário. 'Dessa vez, ele afirmou que tinha captado um novo sinal em outro Estado', relatou o médico. Alegando que precisava da numeração de série do aparelho para averiguar se o telefone havia sido clonado, o criminoso acabou convencendo Luiz Henrique a fornecer os dados. |