Quase meia Câmara adere à Frente do Meio Ambiente
Bloco que reúne 248 deputados será relançado hoje e inclui até ruralista

Lígia Formenti

Depois de hibernar durante anos, a Frente Parlamentar do Meio Ambiente será relançada hoje. A versão atual, porém, vem com uma lista surpreendente de adesões: 248 deputados, que vão de conhecidos atuantes na área como Sarney Filho (PV-MA) e Fernando Gabeira (PV-RJ), passam pelos estreantes Clodovil Hernandes (PTC-SP) e Frank Aguiar (PTB-SP) e chegam a deputados cujo histórico está intimamente ligado a interesses de ruralistas, como Leonardo Vilella (PSDB-GO).

A lista foi composta por nomes indicados por ambientalistas, por sociedades que contribuíram para campanhas de deputados e também de eleitores, que encontram, na plataforma dos candidatos, um ou outro ponto ligado à questão do meio ambiente. 'Teve gente que assinou no corredor, claro. Mas não faz mal. É um compromisso ético. Se não agirem de acordo, vai ser uma delícia denunciá-los', afirmou o presidente da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.

'Se aumentar mais, vira unanimidade', brincou Sarney Filho, ao comentar o número de deputados que se dispuseram a participar do grupo.

Integrante da frente desde seu início, o deputado não se ilude: com o passar do tempo, certamente, a lista terá sua dimensão reduzida. 'Claro que haverá deserções. Mas, mesmo assim, este número mostra que o tema ambiental já não pode ser considerado como uma discussão secundária', avalia.

Ele não quis comentar o fato de alguns integrantes do bloco apresentarem um perfil bem distante do que se imagina para uma frente ambientalista. 'Não podemos ter preconceito. Temos de tratar todos da mesma forma.'

Mantovani, que há 35 anos atua no movimento ambientalista, está exultante. 'Espero que o grupo consiga ter força suficiente para aprovar projetos importantes e que, à primeira vista, poderiam contrariar interesses econômicos.'

Os primeiros pontos para atuação da bancada já estão definidos. 'O Brasil deve assumir metas para redução de emissão de gases que contribuam para o aquecimento global', afirmou Sarney Filho.

Na lista também está a regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal, que deve definir a competência das três esferas de governo para concessão da licença ambiental. 'Esperamos que esta seja uma das primeiros propostas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ser apreciada', afirmou Sarney.

Há ainda as medidas ambientais que poderiam ser adotadas pelos próprios integrantes do Legislativo.

A frente deverá lançar também a proposta Parlamento Carbono Neutro.

Uma empresa vai avaliar quanto a Câmara consome de energia, qual é a emissão de gás carbônico. A partir daí, será feito o cálculo de quantas árvores devem ser plantadas como forma de compensação. A idéia é que tal plantio seja feito na Mata Atlântica.
Data: 16/02/2007