SÃO PAULO (Reuters) - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lançou nesta sexta-feira um sistema eletrônico de registro para o transporte e o armazenamento de todos os produtos florestais. Segundo ela, o novo sistema -- que substitui o registro em papel -- irá ajudar na luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia.
"Nosso objetivo é acabar com o desmatamento ilegal", disse a ministra a jornalistas em uma reunião do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em São Paulo. "Esse sistema é mais transparente e mais eficiente."
O Documento de Origem Florestal (DOF) substitui a Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), que deixará de ser emitida por ter se transformado em um instrumento de fraudes e crimes ambientais.
O governo vinha sendo duramente criticado por não conseguir parar o desmatamento ilegal na Amazônia. Grupos ambientais diziam que os documentos em papel exigidos anteriormente para o transporte de madeira e de outros produtos florestais eram de fácil falsificação.
No ano passado, o Greenpeace chegou a demonstrar a facilidade de fraude ao comprar 30 toneladas de madeira cortada ilegalmente na Amazônia e entregá-las à polícia paulista, mais de 2.600 quilômetros ao sul.
A ministra disse que o novo sistema eletrônico vai reduzir a fraude porque, agora, todos os produtos florestais transportados pelas estradas brasileiras devem ser registrados em uma base de dados no Ministério do Meio Ambiente e no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Segundo a página eletrônica do ministério na internet, o DOF funcionará como uma conta bancária na qual saques e depósitos são registrados automaticamente.
O registro dos produtos florestais de origem nativa -- como toras, madeira serrada e carvão vegetal -- será feito e conferido eletronicamente, o que aumentará o controle do Ibama sobre os produtos transportados.
Um dos problemas a serem enfrentados pelo Ministério do Meio Ambiente, no entanto, é o nível de corrupção dentro do próprio Ibama.
Uma rede de desmatamento ilegal foi descoberta no ano passado em Mato Grosso, envolvendo dezenas de funcionários do órgão. Outra rede ilegal com 24 funcionários do Ibama foi descoberta no Rio de Janeiro esta semana.
Marina disse que o governo vem trabalhando para se livrar do que ela descreveu como "maus funcionários públicos".
(Por Andrea Welsh)
Data: 14/12/2006