O que se entende hodiernamente por “Era digital”? Por óbvio um momento revolucionário no mundo em que com o avanço da tecnologia e a globalização dos meios, passamos a ser capazes de construir e identificar novas formas de construção e manutenção da realidade. Vis a vis outras realidades são construídas e com elas perdemos o senso do real, na era informatizada e em rede.
O fato é que estamos atrelados a uma constante evolução, com todos os seus correspondentes riscos e benefícios; perigos e facilidades; agrupamento e deslocamento social. A Era Digital, em verdade, tem se mostrado como uma espécie de portal aberto apenas para entrada, posto não ser mais possível um regresso. Sentimos-nos com águias, trocando raios com os raios do sol e ao mesmo tempo trancados dentro de quarto escuro.
Não cogitamos mais nossas vidas sem nossas “telas” (computadores, celulares, iphones, tablets, emails, mensagens de texto, de voz, cutucadas, prods e tuítes; alertas e comentários; links, tags e posts, fotos e vídeos, blogs, vlogs; buscas, downloads, uploads, arquivos e pastas; feeds e filtros; murais e widgests; clouds, nomes de usuários, senhas e códigos de acesso, pop-ups e banners; ringtones e vibrações). Tudo isso tem possibilitado nossa sobrevivência, pois em pouco tempo nos acostumamos a estar a um “clic” de distância do resto do mundo.
A pergunta que podemos fazer com intuito de desconstruir esta dogmática virtual é: onde está a profundidade de tudo isso? De um ponto a outro, tudo tão rápido, ao mesmo tempo em que o número de informações que recebemos por minuto é gigantesco. O Estadão apontou que 45 por centro da população esta fora do peso e que passaremos em breve os EUA. A falta de esporte impede que nossa concentração se aprofunde completamente em algo. É como se cada minuto fosse preciosíssimo, e de fato é, que refletir em alguma coisa ou direcionar cem por cento de nossa atenção para algo ou para si mesmo causasse uma espécie de caos interior.
Muitos filósofos e pensadores já refletiam sobre isso, apesar de estarem em épocas diferentes. A exemplo disso temos Platão no fim do século V a.C, período consagrado como era de ouro da Grécia, com um de seus mais importantes diálogos: “Fedro”. Se observarmos tal diálogo na íntegra, Platão falava sobre o ponto de virada de duas eras tecnológicas, examinando questões que ainda hoje estão em pauta.
No correr da história e com o passar dos séculos, o ser humano interior, exterior e completo, passou por uma série de mudanças, sem, contudo desligar-se de sua natureza e essência. Podemos estar na era da sociedade da informação, mas não podemos perder o habito de refletir, de abstrair e sobretudo de nos aprofundarmos nas questões trazidas pelo meio para que possamos evoluir inteiramente e por completo. Vamos nos desconstruir um pouco todos os dias.
(*) Coriolano Almeida Camargo – Advogado, sócio fundador e CEO da Almeida Camargo Advogados, Presidente da Comissão de Direito Eletrônico da OAB/SP. Professor do Mackenzie, EPD, FADISP, FAZESP e outras
Data: 26/04/2012 20:15:50