Plástico enfrenta a concorrência com o aço, o alumínio e o vidro, entre outros materiais. A lém de amargar uma queda no faturamento de 12% no primeiro semestre deste ano, as indústrias brasileiras do setor de transformação de plásticos estão sendo obrigadas a investir ainda mais em tecnologia e processos. Isso porque a invasão dos produtos chineses já é uma realidade, sem falar das ameaças internas, como a concorrência com o aço, o alumínio e o vidro, entre outros materiais.
"Graças a Deus 2006 está terminando. O ano passado foi complicado e neste a situação só piorou", resume o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), entidade que reúne a terceira geração do setor petroquímico, Merheg Cachum.
Na opinião de Cachum, mais do que os chineses ou a concorrência de outros materiais, o que explica o mau desempenho do setor são as condições macroeconômicas como o dólar em queda, carga tributária, custo do dinheiro e o desemprego. "Somos sensíveis às oscilações econômicas. Se o consumo diminui a nossa produção cai imediatamente", explica.
Até junho, os transformadores tiveram receita conjunta de R$ 18,6 bilhões, queda de 12% na comparação com o mesmo período de 2005. A tombo só não foi maior porque as exportações estiveram aquecidas. "O setor automobilístico teve um desempenho ótimo, o que impulsionou as empresas que fornecem plástico para este segmento. Em compensação, a área de alimentos caiu e prejudicou o setor de embalagens", explica Cachum.
Enquanto o cenário macroeconômico não melhora, as empresas lutam com as armas que possuem. E a tecnologia é a principal delas. Como 86% da terceira geração da indústria petroquímica é formada por micro e pequenos empreendimentos, a missão de investir em inovações ficou sob responsabilidade da primeira geração (fabricantes de materiais básicos) e da segunda geração (fabricantes de resinas).
"Se a terceira geração estiver mal, toda a cadeia vai mal. Por isso, patrocinamos um programa setorial para levar o conhecimento tecnológico para os transformadores", conta o engenheiro químico responsável pela área de comunicação da Copesul, João Rui Freire.
As grandes do segmento, em geral, conseguem acompanhar as evoluções, o que não ocorre com os pequenos, por isso a ajuda proveniente da base é fundamental. "O típico empreendedor do setor plástico é ex-funcionário de alguma transformadora que comprou uma máquina e começou um negócio"", conta Cachum.
O aprimoramento tecnológico é importante para combater os importados, porém, é imprescindível para a luta com outros materiais. "A concorrência cresce e os fabricantes tornam seus produtos mais versáteis", avalia a diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagens (ABRE), Luciana Pellegrino.
De acordo com dados da entidade e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o plástico é a principal matéria-prima para a produção de embalagens, com participação de 32,2%. Em seguida aparece o papelão, com 30,9%, mas que não concorre diretamente, já que é usado basicamente de forma secundária (caixas). A preocupação, no entanto, são os materiais metálicos, que já representam 21,2% do mercado.
Data: 12/12/2006