Brasília, 30 de Setembro de 2005 - Ao criticar o "alarmante" número de denúncias feitas contra autoridades públicas, muitas delas "falsificadas", o ministro Edson Vidigal, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou que, há algumas semanas, "os órgãos de investigação federal, Polícia e Receita, despacharam agentes para a Suíça, movidos por denúncias anônimas contra um subprocurador-geral da República e dois ministros de tribunais superiores" e que esses agentes voltaram, dias depois, "com a certeza de que haviam sido acionados por denúncia vazia".
A revelação foi feita ontem, em Florianópolis, no discurso que o presidente do STJ proferiu no encerramento da 19ª Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A "denúncia vazia" referida por Vidigal é a de que as autoridades do Ministério Público e do Judiciário teriam contas em bancos suíços, "nas quais teriam sido depositados dinheiro em pagamentos de parecer (do procurador) e de votos (dos ministros) proferidos na jurisdição".
Contou Vidigal que a prova inicial da materialidade desses supostos crimes foi uma cópia de guia de depósito que, afinal, era "uma sofisticada falsificação, dessas que se engendram hoje em programas de computador". Mas não quis revelar quem eram as autoridades visadas: "Soube por fontes absolutamente insuspeitas" -disse a esse jornal, negando que fosse ele um dos alvos da "denúncia vazia".
No discurso, Vidigal afirmou que "é deplorável constatar que logo estaremos numa sociedade irremediavelmente dividida, uma parte ativamente fascista, outra clamando por democracia, sob um estado fraco, ingovernável, se não cuidarmos logo de impor ordem para que sejam respeitadas a Constituição e as leis". Data: 12/12/2006
Fonte: (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Luiz Orlando Carneiro)
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